No momento em que escrevo este artigo estou há 6 anos trabalhando online com conteúdos e cursos para professores e conto com milhares de vendas de cursos online específicos para professores.
Nesse meio de caminho já vi, vivi e refleti sobre coisas suficientes para ter um mínimo de opinião sobre os diferentes limites que vemos profissionais da educação se colocando.
Uns tanto, outros quase nada.
Antes de mais nada preciso dizer que sou profundamente comprometido e cuidadoso para ser ético em todas as minhas ações, tomando muito cuidado para escrever, produzir e prometer coisas que eu possa efetivamente cumprir.
De um lado vejo a grande maioria dos professores com um medo quase mortal de se anunciar, falar bem de si mesmos, mostrar para o que vieram e como são bons naquilo que fazem.
Vejo professores que acham que são os clientes e empregadores que têm que vir à procura deles, enquanto eles mesmos estão escondidos atrás de um escritório, sala de aula particular ou de uma modesta página de LinkedIn.
Vejo professores com anos de experiência que têm medo de pegar um aluno particular com objetivo bem comum de inglês geral (nada específico, porque aí sim exigiria preparação também específica e estaríamos tendo outra conversa) porque pode ser que… Que… Por quê, mesmo? Não sei, mas sei lá. Vai que…
Vejo profissionais de altíssimo nível com medo de colocar seus nomes nas próprias produções.
Outro dia me deparei com uma excelente profissional que havia desenhado, produzido e ensinado (como professora única) um curso online inteiro me dizer que iria colocar aquela produção no LinkedIn dela com o título do cargo sendo “Online Instructor”.
Conversamos um pouco e acredito que ela tenha cadastrado o cargo como “Tutor and Course Designer”, o que remete muito melhor à função que ela desempenhou.
Vejo professores que têm medo de prometer. E parte da venda está justamente na promessa.
Não vejo absolutamente nada de errado em criar um curso que vai ensinar ao aluno todo o conteúdo e estratégias para ser aprovado no FCE e nomeá-lo “Como passar no FCE” ou ainda usar um slogan “Seja aprovado no FCE ainda este ano” (desde que o prazo tenha sido realisticamente comprovado, é claro).
Você está prometendo entregar a melhor forma para levar o aluno do ponto em que está até a aprovação e é isso que todos os professores de preparatórios fazem nas aulas.
Eu já vejo problema, como já vi algumas vezes, se o slogan do curso fosse “Tire seu certificado FCE aqui”. Isso porque você não entrega certificado, você entrega o conhecimento para que o aluno consiga o certificado por conta própria no centro aplicador autorizado.
De forma oposta a médicos cirurgiões, em que eles que performam toda a ação da cirurgia, professores fazem todo o trabalho pré-evento. Nós somos responsáveis pela preparação, mas a execução fica por conta dos nossos alunos.
Professores, assim como técnicos de esportes, ensinam o máximo que podem e preparam a equipe com as melhores estratégias possíveis, mas quando é pra valer e o árbitro apita o início do jogo, a responsabilidade de performar bem é toda dos alunos, não mais dos professores.
Vejo problema também em oferecer milagres ou mentiras, como os conhecidos “Aprenda inglês dormindo” ou “Aprenda inglês em 60 dias”, mas não me parece problemático um professor particular dizer que criou um método de ensino, uma vez que um método é uma forma/fórmula específica de se conduzir determinada sequência de trabalho e a partir do momento que eu misturo elementos diferentes a essa fórmula ela passa a poder ser chamada de minha.
É claro que ela veio de alguma das abordagens já estudadas, descritas e documentadas por vários autores ao longo das décadas, mas aquelas coisinhas a mais que eu incrementei ali, apesar de derivado de uma abordagem X, constitui um novo método, que pode ser chamado de meu.
Eu particularmente me incomodava quando via promessas usando palavras excessivamente contundentes do tipo “Aprenda inglês definitivamente comigo”, mas comecei a refletir mais a fundo e cheguei à conclusão de que se o aluno estudar bastante e seguir as orientações do professor, ele muito provavelmente aprenderá inglês. E, se aprendeu, não vai precisar fazer outro curso de mesmo nível em outro lugar. Sendo assim, ele realmente terá aprendido de uma vez por todas, ou de forma sinônima, definitivamente.
Muitas vezes temos medo de usar palavras com tons extremos como “definitivamente” e “absolutamente” porque temos a impressão de estarmos garantindo o resultado do aluno, ao passo que sabemos que o nosso papel como professores é facilitar ao máximo o aprendizado, mas quem efetivamente estuda e aprende é o próprio aluno.
Dessa forma, parece errado garantir algo que depende de uma ação do cliente.
E com isso eu concordo!
Mas você não está garantindo o resultado do aluno, até porque isso é impossível.
Você está garantindo o nível da entrega do seu trabalho.
Essa promessa tem a ver com a sua segurança e certeza como profissional de ser capaz de oferecer um trabalho de alto nível aos seus alunos.
E isso você pode – e deve – fazer.
Afinal de contas, qual é o limite?
Por: Vinicius Diamantino